sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Como tudo começou...

Eu sempre falo que se antes de 2004, me dessem um cartão de crédito sem limites, para eu passar uma temporada em qualquer lugar do mundo, eu nunca escolheria vir para a China.
Só para reforçar o que ouvimos desde criança: nunca diga nunca!
Um dia, no início de 2004, tenho a cena gravada na minha memória como se fosse hoje, meu marido e eu, estávamos saindo do prédio em que morávamos no Brasil e ao abrir o portão para a rua, ele parou, olhou para mim e disse: “se eu arrumasse um emprego na China, por um período de alguns meses, você se incomodaria se eu fosse?” Respondi na hora: “claro que não! Se você tiver uma chance lá, não dá para desperdiçar.” Mas no fundo nunca coloquei muita fé nisso...
Passado um tempo, ele continuava a manter contato com o amigo no outro lado do mundo, mas ainda nada de concreto. Numa bucólica noite de domingo, saímos para andar um pouco pelo bairro, coisa que amamos fazer, quando o celular dele toca. Era o amigo perguntando se ele podia embarcar em 10 ou 15 dias, não me lembro. Mas essa cena, o lugar onde paramos para atender ao telefone, também está vivo na minha memória como se tivesse acontecido há minutos atrás.
A partir daí, nossas vidas se transformaram de uma maneira que jamais havíamos nem sequer sonhado. Os poucos meses foram se tornando anos. Ponte aérea Brasil-China, para nós era fichinha! Não foi fácil, mas também não foi insuportável... Temos boas histórias para contar! Foram 4 anos nessa vida, pois a cidade em que ele morava, Chang Chun, era inabitável (mas sobre isso conto um outro dia) e como era só por mais alguns meses ( a cada 6 meses, ficava por só mais 6...) achamos que dava para levar.
Até que em 2008, ele recebeu a proposta de mudar para Shanghai que, para quem conhece Chang Chun, é o paraíso na terra! Viemos de mala, cuia e filhos em janeiro de 2009.
Bom, agora que vocês já sabem como chegamos por aqui posso começar a falar das aventuras, das experiências e das peculiaridades de se morar na China.
Abraço!



Por que decidi escrever.

Estou definitivamente vivendo na China, há 3 meses completados ontem.
Esse período foi muito difícil e conturbado, mas as coisas estão indo para o lugar.
Muitos dos meus amigos, para quem sempre mando notícias, ou contava as minhas aventuras nesse país peculiar que faz parte da minha vida desde 2004, diziam: “você tem que registrar essas estórias!” Mas sempre dizia que eles estavam delirando, que imagina eu escrever para muita gente ler...
Só que parece que por encanto, cada vez mais pessoas falavam isso para mim, cada e-mail que enviava, vinham muitas respostas dizendo as mesmas coisas. Até achei engraçado, mas quando a vida aqui começou a se acalmar, na fase de adaptação, isso passou a martelar na minha cabeça.
Junto a tudo isso, à necessidade de ter um compromisso, fazer alguma coisa que ocupe meu tempo de maneira prazerosa e faça valer mais ainda minha estada no Oriente.
No Brasil trabalhava o dia todo, cuidava dos filhos, das enteadas, da sogra, da casa (se bem que tinha o suporte da Lucia, que foi o meu anjo por muitos anos), meus pais, adoro sair, dançar, ler. Resumindo tinha uma vida super agitada. E aqui estou tendo oportunidade de ter um estilo de vida completamente diferente. Então porque não tentar?
Não pretendo falar da China como roteiro turístico, ou dar aulas sobre esse país, até porque ainda tenho muito que aprender por aqui.
Mas passar a minha experiência, minhas aventuras e os fatos que marcaram esses últimos 5 anos.
Mais do que conhecer outra cultura, um país interessantíssimo, diferente de tudo que possam imaginar, a China teve um papel fundamental na minha vida. Mudei muito, amadureci muito, aprendi coisas que só a vida pode se encarregar de nos ensinar.
Por 4 anos, encontrava com meu marido a cada 4 ou 6 meses, apesar de falarmos todo o santo dia. Hoje sei o quanto vale um passeio de mãos dadas pela praia, um café no shopping nas tardes de sábado, um domingão em casa de pijama o dia todo na companhia de quem você ama. São coisas que o dinheiro não pode comprar, mas valem uma fortuna imensa.
Para todas as pessoas que me incentivaram a escrever, que me deram o ombro para chorar nesses últimos anos, que se preocuparam em me divertir para que não ficasse tão sozinha, que riram das minhas estórias e aventuras, que ainda estão presentes no meu dia-a-dia, através da internet, o meu mais sincero obrigado! Amo todos e morro de saudades. Nada nessa vida vale mais do que as pessoas que nos são caras: família, amigos e até aqueles que passam somente por um período, mas que de alguma forma marcaram nossos momentos. Com certeza vocês serão lembrados nos meus relatos!
E por fim, quero agradecer a Deus, sempre, em cada minuto da minha vida. Sem a fé que me conduz, seria muito difícil encarar os desafios que aparecem na nossa jornada nesse planeta.
Escrevam, participem. Críticas e sugestões sempre são bem vindas.
Espero que algumas das minhas experiências possam fazer a diferença na vida de quem às lê, mesmo que seja só um breve momento de descontração.
Até o próximo.
Christine.