Eu sempre falo que se antes de 2004, me dessem um cartão de crédito sem limites, para eu passar uma temporada em qualquer lugar do mundo, eu nunca escolheria vir para a China.
Só para reforçar o que ouvimos desde criança: nunca diga nunca!
Um dia, no início de 2004, tenho a cena gravada na minha memória como se fosse hoje, meu marido e eu, estávamos saindo do prédio em que morávamos no Brasil e ao abrir o portão para a rua, ele parou, olhou para mim e disse: “se eu arrumasse um emprego na China, por um período de alguns meses, você se incomodaria se eu fosse?” Respondi na hora: “claro que não! Se você tiver uma chance lá, não dá para desperdiçar.” Mas no fundo nunca coloquei muita fé nisso...
Passado um tempo, ele continuava a manter contato com o amigo no outro lado do mundo, mas ainda nada de concreto. Numa bucólica noite de domingo, saímos para andar um pouco pelo bairro, coisa que amamos fazer, quando o celular dele toca. Era o amigo perguntando se ele podia embarcar em 10 ou 15 dias, não me lembro. Mas essa cena, o lugar onde paramos para atender ao telefone, também está vivo na minha memória como se tivesse acontecido há minutos atrás.
A partir daí, nossas vidas se transformaram de uma maneira que jamais havíamos nem sequer sonhado. Os poucos meses foram se tornando anos. Ponte aérea Brasil-China, para nós era fichinha! Não foi fácil, mas também não foi insuportável... Temos boas histórias para contar! Foram 4 anos nessa vida, pois a cidade em que ele morava, Chang Chun, era inabitável (mas sobre isso conto um outro dia) e como era só por mais alguns meses ( a cada 6 meses, ficava por só mais 6...) achamos que dava para levar.
Até que em 2008, ele recebeu a proposta de mudar para Shanghai que, para quem conhece Chang Chun, é o paraíso na terra! Viemos de mala, cuia e filhos em janeiro de 2009.
Bom, agora que vocês já sabem como chegamos por aqui posso começar a falar das aventuras, das experiências e das peculiaridades de se morar na China.
Abraço!